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As nossas escolhas literárias

Neste clube do livro e do vinho online, a nossa proposta leva-o a descobrir mensalmente a literatura lusófona, enquanto saboreia, sozinho ou acompanhado, as palavras dos nossos autores e os melhores vinhos do país. Aqui terá a oportunidade de mergulhar nos vários géneros literários, explorar histórias cativantes, discutir temas e compartilhar as suas visões.


Curadoria Wine & Books Club

A Boneca de KOKOSCHKA

Afonso Cruz

Uma prosa poética que utiliza a experiência da guerra como fio condutor de algumas personagens muito peculiares que, à partida, parecem não ter nada em comum, mas cujas histórias acabam por se interligar numa teia de relações que se vai aprofundando a cada capítulo.

O livro abre com um ritmo um pouco desconexo, tem muitos saltos temporais, como aliás, já é comum nas narrativas do autor, mas é uma viagem maravilhosa, com uma escrita que nos embala nas suas descrições e reflexões, e depois, de repente, faz-nos questionar a nossa vida toda.

Fala-nos sobre perda, amor, liberdade, a busca por um sentido e a forma como, por vezes, podemos impactar a vida de alguém sem nos apercebermos. É um daqueles livros que fica connosco após a primeira página.

“Não há lugar nenhum no mundo construído com tantas restrições como uma loja de pássaros. São gaiolas por todo o lado. E algumas estão dentro dos pássaros e não por fora como as pessoas imaginam.”

Curadoria Wine & Books Club

Avesso da Pele

Jeferson Tenório

Este é especial. Jeferson Tenório é um autor brasileiro, e o livro que trago este mês foi alvo de censura em, pelo menos, três estados do Brasil.

O Avesso da Pele apresenta-nos Pedro, um jovem negro a tentar compreender a vida e a morte do pai e cuja história nos confronta com as questões étnico-raciais do Brasil e com a complexidade das relações que vamos estabelecendo ao longo da vida. A narrativa em segunda pessoa faz-nos sentir parte da história e a escrita pessoal e intimista, muito semelhante ao discurso oral, desafia-nos a uma compreensão mais ampla do mundo que nos rodeia.

Além da questão da liberdade de expressão, é importante refletirmos sobre o porquê de um livro que aborda questões tão fraturantes da sociedade despertar tanto desconforto. Talvez porque O Avesso da Pele nos força a olhar de frente para as injustiças e desigualdades que ainda persistem nas nossas estruturas sociais e isso, para alguns, pode ser assustador. No entanto, enfrentar esse desconforto é a única via para a construção de um mundo mais justo e inclusivo, e ler e discutir livros como este é um importantíssimo primeiro passo.

«É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende?»

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Curadoria Wine & Books Club

Eliete

Dulce Maria Cardoso

Este mês, a sugestão é uma obra que explora o quotidiano e as complexidades emocionais de uma mulher portuguesa de 40 anos.
A narrativa acompanha Eliete, uma protagonista autêntica e multifacetada, enquanto navega pelas suas memórias, relações (algumas delas tumultuosas) e expectativas impostas pela sociedade.

A autora, uma das mais acarinhadas por Portugal, emprega uma prosa lírica e minuciosa para tecer uma história que é simultaneamente pessoal e universal, que nos revela as subtilezas da identidade e da solidão. É uma reflexão sensível sobre a busca incessante por profundidade e conexão numa modernidade cada vez mais frívola, escrito pela mão de uma autora que tem o condão de transformar o banal em belo.

«A cabeça e o corpo da avó estavam a morrer, qualquer pessoa podia ver isso, só que a cabeça estava a morrer mais depressa do que o corpo e, se isso não magoava o corpo da avó, magoava o meu.»

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O Alegre Canto da Perdiz

Paulina Chiziane

O Alegre Canto da Perdiz é uma das obras mais marcantes da autora Paulina Chiziane, que explora a complexidade das relações humanas e culturais em Moçambique. O romance foca-se em várias gerações de mulheres de uma mesma família, destacando as suas lutas contra um sistema patriarcal e colonialista. É uma escrita rica e poética, com uma narrativa não-linear que entrelaça passado e presente, revelando como histórias pessoais e coletivas se influenciam mutuamente. Mais do que uma simples história, o livro é um retrato multifacetado de uma sociedade em transformação e um testemunho da resistência feminina.

A autora convida-nos a refletir sobre questões de identidade, poder e liberdade, enquanto celebra a resiliência das mulheres moçambicanas. Uma leitura essencial para mergulhar na literatura africana contemporânea e nas dinâmicas socioculturais de Moçambique.

«Nas cidades humanas a liberdade é proibida. O ser humano tem de andar sempre vestido, documentado, calçado. Por andar sem rumo, a polícia prende por vadiagem, como se alguém conhecesse de facto o rumo de cada passo. Porque é que tem de se andar num rumo exato se todos os lugares são lugares para andar?»

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Ensaio sobre a cegueira

José Saramago

Este livro é uma impressionante alegoria sobre a fragilidade da sociedade e a essência humana. A história desenrola-se numa cidade sem nome, onde uma estranha epidemia de cegueira branca começa a alastrar-se, mergulhando os habitantes num caos profundo. As autoridades, impotentes, decidem isolar os infetados num antigo manicómio, mas a situação agrava-se rapidamente, revelando o lado mais obscuro do ser humano: o egoísmo, a violência e o desespero.

É uma crítica contundente à condição humana e à fragilidade das estruturas sociais que sustentam a civilização. A narrativa, com a sua prosa característica, imerge-nos num ambiente angustiante e claustrofóbico, levando o leitor a ponderar sobre a importância da visão — tanto física como moral.

Frase: «Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos, façamos tudo para não viver inteiramente como animais.»

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Também os Brancos Sabem Dançar

Kalaf Epalanga

Também os Brancos Sabem Dançar, do autor angolano Kalaf Epalanga, é uma narrativa que cruza fronteiras culturais e musicais, explorando identidade, migração e pertença. A narrativa segue a jornada de um músico angolano na Europa, à medida que este reflete sobre o kuduro, um estilo musical do seu país, e em como este se tornou num veículo de expressão e resistência para jovens africanos.

A obra mistura ficção com elementos autobiográficos e é profundamente marcada pela experiência pessoal de Epalanga, membro da banda Buraka Som Sistema. O autor reflete sobre a complexidade de ser angolano num continente europeu, questionando estereótipos através de uma escrita fluída e poética. Uma crítica subtil ao preconceito e uma exaltação do poder transformador da música e da arte.

Frase: «Ouve a música que está dentro de ti. A kizomba não são os passos, é a alegria que te invade quando a danças.»

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